8 Coisas Que Ninguém Te Conta sobre Bali

Terraço Tegalalang. Foto: Patti Neves

Terraço Tegalalang. Foto: Patti Neves

Turismo em Bali: Curiosidades sobre a ilha dos Deuses

Tudo já foi escrito sobre o turismo em Bali. Ou quase tudo.

O paraíso re-descoberto pelos hippies e surfistas na década de 70 acabou trazendo muitos visitantes ao longo dos anos e com eles alguns problemas reais: trânsito, lixo, superlotação.

Mas será que vale a pena ir à Bali em 2019? 

A resposta é sim. Você só precisa se informar um pouco.

Então antes de mais nada veja abaixo alguns fatos surpreendentes:

1. Instagramers estão arruinando Bali

Morando há 4 anos no Sudeste Asiático, tivemos o privilégio de visitar a ilha dos deuses inúmeras vezes. Vamos para lá ao menos 2-3 x por ano, já que fica muito perto de Singapura.

Semana passada fiquei chocada ao saber que amigos tiveram dificuldades para visitar templos que eram praticamente desconhecidos há alguns anos atrás.

O fato é que a ascensão de influencers no Instagram anda trazendo milhares de seguidores à Bali. Isso não seria um problema, se não existissem excursões Instagram levando turistas em massa fazer fotos em locais específicos.

Alguns templos sagrados, como as portas do céu, estão se transformando em portas do inferno, provocando filas de até 2 horas para tirar fotos que nem correspondem à realidade.

Templo Lempuyang (portas do céu) no Twitter: Polina Marinova

Templo Lempuyang (portas do céu) no Twitter: Polina Marinova

Semana passada a jornalista Polina Marinova, da Insider, resolveu denunciar a indústria do turismo em Bali. Ela mostrava o fenômeno das fotos fakes, fabricadas para o Instagram.

A reportagem no templo Lempuyang mostrava pessoas fazendo fila para tirar exatamente a mesma foto:

A imagem trucada (esquerda) mostra um reflexo de água e a pose “serena” dos instagramers, quando na verdade não há água alguma no templo (direita) e muito menos serenidade no local!

A foto é resultado de uma montagem grotesca feita com um espelho comum, colocado logo abaixo de um iPhone.

Enormes filas e tumultos vem causando bastante decepção em turistas desavisados, que se enfileiram por horas para conseguir a bendita foto.

Dessa forma, se você for um viajante consciente, faça uma boa pesquisa, inclusive no Instagram mesmo, para anotar onde estão os hotspots e… correr deles!

Dica #2: um outro lugar super hypado é o tal do balanço em Ubud, o Bali Swing. Se você quiser um mínimo de sossego na sua trip, não vá até lá. Simplesmente não vá.

2. Turismo em Bali: lixo no paraíso

Encontrar o paraíso em Bali não é tão fácil quanto parece. E novamente, a decepção de muita gente resulta de simples falta de informação.

Praias populares como Seminyaki, Kuta e Jimbaram, muito próximas a centros urbanos, recebem toneladas de lixo trazidos pelas correntes marinhas em determinadas épocas do ano.

Na verdade, o arquipélago da Indonésia (composto de cerca de 17 mil ilhas) é o segundo maior produtor mundial de lixo marinho, logo atrás da China.

Tanah Lot, Bali. Foto: Patti Neves

Tanah Lot, Bali. Foto: Patti Neves

Segundo a AFP, no final de 2017 estimava-se uma produção anual de 1,29 milhão de toneladas despejadas no mar. 

Além disso, muitas das praias de Bali são compostas de areia escura, o que confere um resultado estético bem diferente do imaginado.

Na foto cima, vários turistas assistem ao pôr do sol em uma das inúmeras praias vulcânicas. Nada errado, mas é importante saber que Bali não é sinônimo somente de areia branquinha como os influenciadores gostam de mostrar.

Claro que na realidade ninguém se importa muito com a cor da areia, considerando o visual do magnífico Tanah Lot Temple (abaixo). 

O lixo deveria incomodar muito mais. Entretanto há um silêncio incômodo nas mídias sociais sobre esse assunto.

Tanah Lot, Bali. Foto: Patti Neves

Tanah Lot, Bali. Foto: Patti Neves

3.Curiosidade sobre Bali: são 4 ilhas no total

Bali inclui uma ilha de mesmo nome e também três menores ilhas adjacentes, parte da mesma jurusdição: Nusa Penida, Nusa Lembongan e Nusa Ceningan. 

Quando se fala em Bali, muita gente se refere à ilha principal ignorando as outras três ilhotas. 

Resultado: boa parte das pessoas acaba visitando só a ilha de Bali. 

Adivinhem em qual das ilhas fica o cenário abaixo?

Atuh beach. Foto: Patti Neves

Atuh beach. Foto: Patti Neves

Esse cenário maravilhoso é localizado em Nusa Penida.

O grosso do turismo em Bali se focaliza bastante na ilha principal mas os picos mais bonitos ficam fora. Por exemplo:

Peguyangan Waterfall, Klingking beach e Pasih Uug também se localizam em Nusa Penida. 

Aliás, se você está procurando um roteiro para sua viagem à Bali e ainda está meio perdido (onde ficar em Bali, quantos dias ficar, o que fazer em Bali…) não deixe de ler nosso guia.

O nosso post mais completo sobre Bali está dividido por regiões e explica a vibe de cada uma delas.

👉Bali: Guia Definitivo

É importante você escolher onde vai ficar, de acordo com a sua personalidade.

Com certeza a região onde você se aloja e os passeios que escolhe fazer acabam influenciando toda a sua experiência de viagem.

Update:

12 Julho de 2019

Desde que alguns influenciadores importantes publicaram ensaios no T-Rex, quem quiser descer a trilha para Kelingking agora tem que enfrentar longas filas. O terreno vem se degradando rapidamente e a erosão já começou a aparecer.

4. O satay pode ter sido preparado com carne de cachorro

Satay, um dos petiscos mais saborosos da Indonésia, é o nome dos espetinhos de carne (ou frango) que normalmente são servidos com um espesso molho de amendoim.

A iguaria teve sua reputação arruinada no final de 2017 quando os rumores sobre a utilização da carne canina foram confirmados pela sociedade protetora Animal's Australia e divulgadas pelo jornal australiano ABC.

Moradores de Bali estavam matando cães de forma cruel para vender como frango aos turistas.

Apesar da venda de carne de cachorro não ser ilegal na ilha (os locais reconhecem a sigla RW para identificar carne canina), muitos dos turistas na verdade não tinham idéia do que estavam comendo.

Photo by Animal's Australia. Click here to contribute and help to put an end to this shameful business.

Photo by Animal's Australia. Click here to contribute and help to put an end to this shameful business.

Solução: se você não estiver consumindo carne de origem comprovada, o que talvez seja difícil na prática, melhor se tornar vegetariano durante a viagem.

5. O transporte na ilha principal é mega caótico

Parece incrível visto a quantidade de turistas, mas com estradas estreitas e mal sinalizadas, o trânsito de Bali é enlouquecedor.

Todas as vezes em que estivemos por lá, acabamos levando muito mais tempo do que o esperado para chegar até o destino final.

Isso não parece muito grave quando se está de férias, mas tente reservar um ferry e conseguir estar no porto no horário previsto. Já aconteceu de perdermos o barco, e acredite, é sempre muito chato ajeitar essa situação depois.

Claro que alugar um scooter sempre será a recomendação número 1, mas mesmo assim sempre calcule uma boa margem de tempo nos seus deslocamentos.

Posto de gasolina, Bali. Foto: Patti Neves

Posto de gasolina, Bali. Foto: Patti Neves

Ah. E nunca se esqueça de completar o tanque assim que puder! 

Os postos de gasolina (como o da foto acima) são bem raros fora das grandes rotas turísticas.

Sim, isso é um posto de gasolina, muito prazer!

E se por acaso você não for lá um ninja dirigindo scooters, tudo bem, você sempre poderá alugar um carro.

6. O Kecak e o Legong devem entrar no seu roteiro

Kecak (monkey dance) e Legong Keraton (a refinada dança balinesa) são tradições locais que dispensam apresentações. 

Apesar de consideradas por muitas pessoas como programas turísticos, é importante guardar em mente que negócios relacionados ao turismo em Bali correspondem a 80% da economia, consequentemente qualquer atividade destinada a viajantes referidas como “não-turísticas” não passam de ilusão.  

As bailarinas do Legong começam a treinar profissionalmente à partir dos 5 anos de idade e costumam ter um lugar de prestígio na sociedade. 

Dança Balinesa. Foto: Patti Neves

Dança Balinesa. Foto: Patti Neves

O Legong foi reconhecido pela UNESCO em 2015 como herança cultural do país, e é importante parte da tradição local.

O palácio de Ubud é o lugar mais recomendado para assistir o Legong, mas outras apresentações existem também em outros lugares. Fomos assistir diversas vezes e foi maravilhoso.

E ah sim, os bailarinos precisam do dinheiro do turismo para se sustentar. Cabe a você decidir que tipo de cultura consumir, onde investir seu tempo e dinheiro.

Já a magia do Kecak, deixo vocês descobrirem nesse estupendo vídeo, extraído do filme Baraka (que diga-se de passagem, vale a pena assistir):

Balinese dance (Ketjak) from Baraka Movie http://www.youtube.com/watch?v=zkZjwS7uMHo

Para uma apresentação épica, voce pode conferir o Kecak no templo de Uluwatu. 

Para evitar pagar mais caro na mão de cambistas, compre direto da fonte, fazendo a fila no local da apresentação - ou compre online, antecipadamente.

Nos hotéis, bangalôs e bares sempre costuma rolar uma taxa.

Se você comprar diretamente do blog não pagará nenhum suplemento por isso e ainda me dá aquela força pra eu continuar escrevendo.

7. o Kopi Luwak, o café mais caro do mundo é feito de caca

Para quem não sabe, o kopi luwak, é basicamente extraído das fezes do civet. 

Os grãos são parcialmente digeridos pelo animal e depois eliminados e recolhidos.

Enzimas digestivas alteram a estrutura das proteínas nos grãos de café, o que remove uma parte da acidez para fazer uma xícara de café mais suave. 

Uma xícara de kopi luwak chega a ser vendida por ridículos US$ 80 nos Estados Unidos.

Civet em cativeiro. Foto: Patti Neves

Civet em cativeiro. Foto: Patti Neves

Enquanto as fezes recolhidas do solo não causam dano ao animal (o civet tem a liberdade de escolher sozinho o que ele quer comer) os animais de cativeiro acabam sofrendo desnutrição por terem a alimentação restrita ao café.

Sem contar o espaço reduzido e a vida solitária que acaba levando ao stress.

Se você quiser experimentar o Kopi Luwak, certifique-se de que o café que você está comprando é proveniente de um cafezal onde os civets vivem livres.

Missão quase impossível segundo reportagem da National Geographic.

Fezes de civet contendo os grãos de café. Foto: Patti Neves

Fezes de civet contendo os grãos de café. Foto: Patti Neves

Fiz a besteira de experimentar uma vez, por pura ignorância, sem saber em que condições eram tratados os bichos.

Quando descobri, foi um choque.

8. O consumo e o tráfico de drogas são (ainda) punidos de forma severa

Sem entrar muito em detalhes, qualquer pessoa que esteve por lá sabe que é fácil encontrar pessoas oferecendo marijuana ou shrooms pelos cantos.

Na área de Kuta a ocorrência é comum e já colocou conhecidos em grandes enrascadas. 

Apesar disso, nas ilhas vizinhas (Gilli, na área de Lombok) a venda escancarada de magic shake pode acabar dando uma falsa impressão de que as leis mudaram. 

Photo by Begadank Backpackers.

Photo by Begadank Backpackers.

Na verdade a prisão perpétua e a pena de morte para traficantes ainda estão em vigor, o que significa que todo cuidado é pouco.

Acho que todo mundo ainda se lembra dos dois brasileiros executados na Indonésia em 2015.

Então, fica a #dica.

Espero que tenham gostado do post. Qualquer dúvida é só me escrever nos comentários.

BÔNUS:

Na foto abaixo você vê uma raposa-voadora (chamada de flying fox em inglês) que era o bicho de estimação de um local em Munduk.

Conversando com ele fiquei sabendo que algumas raposas são adotadas como pets por pessoas na Indonésia. Achei bem curioso.

Caso você visite Bali, mantenha os olhos abertos e preste atenção aos ruídos nas árvores.

Muita gente vai até lá - e volta - sem nem ao menos notar que os flying-foxes existem…

Então é isso, deixemos o pau-de-selfie de lado e aproveitemos esse lindo destino como se deve.

Flying-fox em Bali. Foto: Patti Neves

Flying-fox em Bali. Foto: Patti Neves

Para mais dicas sobre Bali:

Veja o que visitar em cada região de Bali e escolha a melhor área para a sua estadia.

No post abaixo você encontrará também as melhores guest-houses, hotéis-boutique e villas para uma hospedagem charmosa e dentro do seu orçamento.

Há muitas opções bacanas (do backpacker ao super luxo)!

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